Abrindo de par em par
as portas do palácio:
A PRIMAVERA
Apesar da névoa
mesmo assim é belo
o Monte Fuji
Não esqueças nunca
o gosto solitário
do orvalho
Brisa ligeira
A sombra da glicínia
estremece
Uma rã mergulha
no velho tanque...
O ruído da água
De que árvore em flor
não sei —
Mas que perfume
A cada sopro do vento
muda de folha
a borboleta no salgueiro
A uma papoila
deixa as asas a borboleta
como recordação
Flores de cerejeira no céu escuro
e entre elas a melancolia
quase a florir
Extingue-se o dia
mas não o canto
da cotovia
Lua cheia:
para repousar os olhos
uma nuvem de tempos a tempos
Flores queimadas pela geada
Os grãos caídos
semeiam a tristeza
Depressa se vai a primavera
Choram os pássaros e há lágrimas
nos olhos dos peixes
de Matsuo Bashô
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