terça-feira, 23 de setembro de 2008

Os estarolas todos


Amor Eterno

Vaga minh´alma ilúcida pela noite escura e sombria
Onde tu estás, amor que me alucina??
Meu corpo deseja o teu,

Não posso ver o brilho dos teus olhos....
injusta distância que me fere...
Ah! Meu amor...
Quão amarga são as noites que passo à vida sem ti...

Desfaz esse amargor e vem logo me amar...
Despe meu corpo
e passeia sobre ele com tuas mãos,
com tua boca leva-me à loucura e à sede de amar....

Transforma o meu gemido sofrido que outrora
ecoou no silêncio de noites solitária
sem gemidos ofegantes de prazer
do ardente amor que mútua sentimos.

Desejo teu amor com o máximo de minha vontade
e quero-te para todo o sempre...
E por todo o sempre eu hei de te amar....

de Fernando Pessoa

domingo, 21 de setembro de 2008

Bolach


Não te quero

Não te quero senão porque te quero,

e de querer-te a não te querer chego,

e de esperar-te quando não te espero,

passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero,

Odeio-te sem fim e odiando te rogo,

e a medida do meu amor viajante,

é não te ver e amar-te,como um cego.



Tal vez consumirá a luz de Janeiro,

seu raio cruel meu coração inteiro,

roubando-me a chave do sossego,

nesta história só eu me morro,

e morrerei de amor porque te quero,

Porque te quero amor,a sangue e fogo.



de Pablo Neruda

As Manas


Dois Amantes

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

de Pablo Neruda

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Belvedere - Viena


Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

de Mário Cesáriny

Budapeste


Amor

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.
Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto

de William Shakspeare

A Torre ... mais uma para ver, o original de preferência ...


O amor é uma companhia

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

de Alberto Caeiro (Heterónimo de Fernando Pessoa)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Como é que será que funciona o ar condicionado???


Julgar pelas aparências

A beleza é uma forma de Génio... diria mesmo que é mais sublime do que o Génio por não precisar de qualquer explicação. É um dos grandes factos do mundo, como a luz do sol ou a Primavera, ou o reflexo nas escuras águas dessa concha de prata a que chamamos lua. É inquestionável. Tem um direito de soberania divino. Eleva os seus possuidores à categoria de príncipes. Está a sorrir ? Ah, quando a tiver perdido com certeza que não há-de sorrir... às vezes as pessoas dizem que a Beleza é apenas superficial, e pode bem ser. Mas pelo menos não é tão superficial como o Pensamento. Para mim, a Beleza é a maravilha das maravilhas. Só as pessoas frívolas é que não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível e não o invisível...

de Oscar Wilde, in "Retrato de Dorian Gray"

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Principezinho


Temple of Love

With the fire from the fireworks up above me
With a gun for a lover and a shot for the pain at hand
You run for cover in the temple of love
You run for another but still the same
For the wind will blow my name across this land

In the temple of love you hide together
Believing pain and fear outside
But someone near you rides the weather
And the tears he cried will rain on walls
As wide as lovers eyes

In the temple of love: shine like thunder
In the temple of love: cry like rain
In the temple of love: hear my calling
In the temple of love: hear my name

And the devil in black dress watches over
My guardian angel walks away
Life is short and love is always over in the morning
Black wind come carry me far away

With the sunlight died and night above me
With a gun for a lover and a shot for the pain inside
You run for cover in the temple of love
You run for another its all the same
For the wind will blow and throw your walls aside

With the fire from the fireworks up above
With a gun for a lover and a shot for the pain
You run for cover in the temple of love
I shine like thunder cry like rain
And the temple grows old and strong
But the wind blows longer cold and long
And the temple of love will fall before
This black wind calls my name to you no more

In the black sky thunder sweeping
Underground and over water
Sounds of crying weeping will not save
Your faith for bricks and dreams for mortar
All your prayers must seem as nothing
Ninety-six below the wave
When stone is dust and only air remains

In the temple of love: shine like thunder
In the temple of love: cry like rain
In the temple of love: hear the calling
And the temple of love is falling
Down

In the temple of love: shine like thunder
In the temple of love: cry like rain
In the temple of love: hear my calling
In the temple of love: hear my name

In the black sky thunder sweeping
Underground and over water
Sounds of crying weeping will not save
Your faith for bricks and dreams for mortar
All your prayers must seem as nothing
Ninety-six below the wave
When stone is dust and only air remains
The only haven you can trust

And the devil in black dress watches over
My guardian angel walks away
Life is short and love is always over in the morning
Black wind come carry me far away

With the fire from the fireworks up above
With a gun for a lover and a shot for the pain you

You run for cover in the temple of love
I shine like thunder cry like rain
And the temple grows old and strong
But the wind blows longer cold and long
And the temple of love will fall before
This black wind calls my name to you no more

In the temple of love you hide together
Believing pain and fear outside
But someone near you rides the weather
And the tears he cried will rain on walls
As wide as lovers eyes

In the temple of love: shine like thunder
In the temple of love: cry like rain
In the temple of love: hear my calling
And the temple of love is falling
Down


de Sisters of Mercy

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Comer na Idade Média


Defeitos

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar se ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de econtrar um oásis
no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou contruir um castelo...


de Fernando Pessoa

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Aconchego


O medo de nós próprios

Acredito que se um homem vivesse a sua vida plenamente, desse forma a cada sentimento, expessão a cada pensamento, realidade a cada sonho, acredito que o mundo beneficiaria de um novo impulso de energia tão intenso que esqueceríamos todas as doenças da época medieval e regressaríamos ao ideal helénico, possivelmente até a algo mais depurado e mais rico do que o ideal helénico. Mas o mais corajoso homem entre nós tem medo de si próprio. A mutilação do selvagem sobrevive tragicamente na autonegação que nos corrompe a vida. Somos castigados pelas nossas renúncias. Cada impulso que tentamos estrangular germina no cérebro e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e acaba com o pecado, porque a acção é um modo de expurgação. Nada mais permanece do que a lembrança de um prazer, ou o luxo de um remorso. A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é cedermos-lhe. Se lhe resistirmos, a nossa alma adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o desejo daquilo que as suas monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal. Já se disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo.
de Oscar Wilde, in 'O Retrato de Dorian Gray'

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Perspectivas


Nas entressombras de arvoredo

NAS ENTRESSOMBRAS de arvoredo
Onde mosqueia a incerta luz
E a noite ocupa a medo
O incerto espaço em que transluz...

de Fernando Pessoa

Beginning


The end

What's here? a cup, closed in my true love's hand?
Poison, I see, hath been his timeless end:
O churl! drunk all, and left no friendly drop
To help me after? I will kiss thy lips;
Haply some poison yet doth hang on them,
To make die with a restorative.

de Shakespeare

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Num dia de chuva, o Sol


Nebula

Do you enjoy your sight inside?

Disconnect and let me drift
until my upside down is right side in
society must let the artist go
to wander off into the nebula

Wander off into your nebula
see your nectarine of multiplicity
cum like orgasmatron on overdrive
wander in off to your nebula
your tangerine of electricity is ripe
and on a vine, so pick your prize

In little black book do I confide!

Upon return, I conjure what was seen
I let it pulse and boil within my limbs
I lay my pencil to the porous page
and let my lunatic indulge itself

Wander off into your nebula
see your nectarine of multiplicity
cum like orgasmatron on overdrive
wander in off to your nebula
your tangerine of electricity is ripe
and on a vine, so pick your prize
prize, prize, prize

Disconnect and let me drift
until my upside down is right side in
society must let the artist go
to wander off into the nebula

Wander off into your nebula
see your nectarine of multiplicity
cum like orgasmatron on overdrive
wander in off to your nebula
your tangerine of electricity is ripe
and on a vine, so pick your prize

De Brandon Boyd