Os bosques para mim são como catedrais,
Com orgãos a ulular, incutindo pavor...
E os nossos corações, - jazidas sepulcrais,
De profundis também soluçam, n'um clamor.
Odeio do oceano as iras e os tumultos,
Que retratam minh'alma! O riso singular
E o amargo do infeliz, misto de pranto e insultos,
É um riso semelhante ao do soturno mar.
Ai! como eu te amaria, ó Noite, caso tu
Pudesses alijar a luz que te constéia,
Porque eu procuro o Nada, o Tenebroso, o Nu!
Que a própria escuridão é tambem uma téia,
Onde vejo fulgir, na luz dos meus olhares.
Os entes que perdi, - espectros familiares!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
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