terça-feira, 20 de novembro de 2007
Álcool
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraiso? ...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
E só de mim que ando delirante-
Manhã tão forte que me anoiteceu.
de Mário Sá Carneiro
Ópio de inferno em vez de paraiso? ...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
E só de mim que ando delirante-
Manhã tão forte que me anoiteceu.
de Mário Sá Carneiro
Faz-me o favor
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.
Tu és melhor -- muito melhor!
Do que tu. Não digas nada.
Sê Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
de Mário Cesariny
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.
Tu és melhor -- muito melhor!
Do que tu. Não digas nada.
Sê Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
de Mário Cesariny
Árvore
Assemelha-te de novo à árvore que amas, a árvore de grandes ramos : silenciosa e atenta, ela deixa-se pender sobre o mar.
de Nietzsche
Languidez
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...
de Florbela Espanca
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...
de Florbela Espanca
Grande
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
de Fernando Pessoa
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
de Fernando Pessoa
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Stockholm Syndrome
I won't stand in your way
Let your hatred grow
and she'll scream and she'll shout and she'll cry
and she had a name yes she had a name
And i wont hold you back
let your anger rise
and we'll fly and we'll fall and we'll burn
no one will recall, no one will recall
This is the last time
I'll abandon you And this is
The last time I'll forget you
I wish I could
Look to the stars
Let hope burn in your eyes
And we'll love and we'll hope and we'll die
All to no avail, all to no avail
This is the last time
I'll abandon you And this is
The last time I'll forget you
I wish I could
This is the last time I'll abandon you
And this isThe last time
I'll forget you I wish
I could
I wish I could
Muse
Let your hatred grow
and she'll scream and she'll shout and she'll cry
and she had a name yes she had a name
And i wont hold you back
let your anger rise
and we'll fly and we'll fall and we'll burn
no one will recall, no one will recall
This is the last time
I'll abandon you And this is
The last time I'll forget you
I wish I could
Look to the stars
Let hope burn in your eyes
And we'll love and we'll hope and we'll die
All to no avail, all to no avail
This is the last time
I'll abandon you And this is
The last time I'll forget you
I wish I could
This is the last time I'll abandon you
And this isThe last time
I'll forget you I wish
I could
I wish I could
Muse
Starlight
Far away
This ship has taken me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die
Starlight
I will be chasing a starlight
Until the end of my life
I don't know if it's worth it anymore
Hold you in my arms
I just wanted to hold you in my arms
My life
You electrify my life
Let's conspire to re-ignite
All the souls that would die just to feel alive
I'll never let you go
If you promise not to fade away
Never fade away
Our hopes and expectations
lack holes and revelations
Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Hold you in my arms
I just wanted to hold you in my arms
Far away
The ship has taken me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die
I'll never let you go
If you promise not to fade away
Never fade away
Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Hold you in my arms
I just wanted to hold you in my arms
I just wanted to hold
Muse
This ship has taken me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die
Starlight
I will be chasing a starlight
Until the end of my life
I don't know if it's worth it anymore
Hold you in my arms
I just wanted to hold you in my arms
My life
You electrify my life
Let's conspire to re-ignite
All the souls that would die just to feel alive
I'll never let you go
If you promise not to fade away
Never fade away
Our hopes and expectations
lack holes and revelations
Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Hold you in my arms
I just wanted to hold you in my arms
Far away
The ship has taken me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die
I'll never let you go
If you promise not to fade away
Never fade away
Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Hold you in my arms
I just wanted to hold you in my arms
I just wanted to hold
Muse
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Severed Garden
wow, Im sick of doubt
live in the light of certain south, cruel bindings
the servants have the power
dogmen and their mean women
pulling poor blankets over our sailors
I'm sick of dour faces staring at me from the tv tower
I want roses in my garden bower, dig?
royal babies, rubies, must now replace aborted strangers in the mud
these mutants blood meal for the plant that's ploughed
they are waiting to take us into the severed garden
you know how pale and wanton, thrillful comes death
in the strange hour
unannounced, unplanned for
like a scary over-friendly guest you've brought to bed
death makes angels of us all and gives us wings where we had shoulders smooth as ravens' claws
no more money, no more fancy dress
this other kingdom seems by far the best
until its other jaw reveals incest
and loose obedience to a vegetable law
I will not go
prefer a feast of friends to the giant family
de Jim Morrison
live in the light of certain south, cruel bindings
the servants have the power
dogmen and their mean women
pulling poor blankets over our sailors
I'm sick of dour faces staring at me from the tv tower
I want roses in my garden bower, dig?
royal babies, rubies, must now replace aborted strangers in the mud
these mutants blood meal for the plant that's ploughed
they are waiting to take us into the severed garden
you know how pale and wanton, thrillful comes death
in the strange hour
unannounced, unplanned for
like a scary over-friendly guest you've brought to bed
death makes angels of us all and gives us wings where we had shoulders smooth as ravens' claws
no more money, no more fancy dress
this other kingdom seems by far the best
until its other jaw reveals incest
and loose obedience to a vegetable law
I will not go
prefer a feast of friends to the giant family
de Jim Morrison
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Mais uma
Meus dias vão correndo vagarosos,
Sem prazer e sem dor parece
Que o foco interior já desfalece
E vacila com raios duvidosos.
É bela a vida e os anos são formosos,
E nunca ao peito amante o amor falece...
Mas, se a beleza aqui nos aparece,
Logo outra lembra de mais puros gozos.
Minha alma, ó Deus! a outros céus aspira:
Se um momento a prendeu mortal beleza,
É pela eterna pátria que suspira...
Porém, do pressentir dá-ma a certeza,
Dá-ma! e sereno, embora a dor me fira,
Eu sempre bendirei esta tristeza!
de Antero de Quental
Sem prazer e sem dor parece
Que o foco interior já desfalece
E vacila com raios duvidosos.
É bela a vida e os anos são formosos,
E nunca ao peito amante o amor falece...
Mas, se a beleza aqui nos aparece,
Logo outra lembra de mais puros gozos.
Minha alma, ó Deus! a outros céus aspira:
Se um momento a prendeu mortal beleza,
É pela eterna pátria que suspira...
Porém, do pressentir dá-ma a certeza,
Dá-ma! e sereno, embora a dor me fira,
Eu sempre bendirei esta tristeza!
de Antero de Quental
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Manias!
O mundo é velha cena ensanguentada,
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.
Eu sei um bom rapaz, -- hoje uma ossada, --
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.
Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,
Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
de Cesário Verde
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.
Eu sei um bom rapaz, -- hoje uma ossada, --
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.
Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,
Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
de Cesário Verde
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Evadido
Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim
,Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
de Fernando Pessoa
Logo que nasci
Fecharam-me em mim
,Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
de Fernando Pessoa
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