quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Inverno

Declínio —
um dente acusa um grão de areia
nas algas secas

Intempérie —
infiltra-se o vento
até na minha alma

Tão esguia a gata
Não da falta de cevada
mas do amor

Um vento glacial sopra
Os olhos dos gatos
pestanejam

As mãos no lume
... e na parede
a sombra do meu amigo

Primeira neve —
basta um floco
para vergar a folha do junquilho

Kisagata —
Seishi adormeceu à chuva
Húmidas mimosas

Se parados pelas nuvens
dois patos selvagens
Dizem-se adeus

Tendo adoecido em viagem
em sonhos vagueio agora
na planície deserta


de Matsuo Bashô

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